ACONCHEGO
Numa nau perdida, qualquer,
Num canto da vida esquecido, Deixei o coração guardado... As chaves joguei ao mar, Jurei nunca mais amar... Tornei-me autônomo, insensível, Deixando esquecido, O amor impossível... A vontade de viver por nada, O vazio de estar isolada... Perdi nome, identidade, Personalidade, idade... Recebi um número, Para atender, quando chamado, Onde meu ser fosse encontrado... Quem sou? - Alguém que grita, sem ser ouvido; Alguém que ama tão esquecido; Alguém que sentiu, no peito, Um coração palpitar... Uma ânsia de viver, Um desejo de amar... Alguém, na realidade, Sem motivação, identidade... Num mundo cotidiano. Insuportável... As horas lentamente desencadeiam, Ou passo eu? Tempo implacável, Não retroages? Bem sei, não voltarás... Se forças ainda tiver, Mergulharei no mar, Buscarei as chaves esquecidas, Entregarei a uma nova paixão, Fulgurante, incandescente... Talvez, assim, reviva com intensidade, Sendo feliz, sendo GENTE! (Do Livro Diagnóstico)
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 13/12/2010
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