João Jangadeiro
João Jangadeiro, esguio, mulato,
Acorda cedinho, rumo para o mar, Com sua jangada, para vida pescar... João Jangadeiro, feliz, sonhador, Com sua jangada, velha, furada... Na enseada ginga, balança, Parece veleiro de gente importante... Igual a um navio, que roda o mundo. João Jangadeiro enfrenta as ondas, E a tempestade, de vento uivante, Raios, trovões, rompantes na noite, Nunca abala a velha jangada... A rede é velha, malhas abertas... O mar, um amigo, entrega para o João O fruto do seio, de suas entranhas... Então na enseada, mercado da praia, João vende o peixe e compra o pão... João Jangadeiro, mulato de prosa, Conta vantagens da embarcação, Mostra a carranca, escudo encantado, Que leva para o mar, e a vida pescar... João Jangadeiro, cansado, abatido, Volta ao barraco, longe da praia. Um bando de filhos, qual passarinhos, Esperam do João o pão, o carinho... Sua mulher, faceira, vivida, Espera o João, alegre, trigueira... João Jangadeiro na rede adormece, No sonho o leme do grande navio, Sonho encantado, barraco vazio... João Jangadeiro quer mesmo lutar, Acorda cedinho, para a vida pescar! ( Do Livro Diagnóstico)
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 15/12/2010
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