Retirante
Buscaste a melhor vida,
Deixando a caatinga, O Sertão Encantado... Deixando as tradições, As festas do Padroeiro, As alpercatas de couro, A casa de pau-a-pique, A rede que te embala, A seca que te persegue... Deixaste a viola, pranto, Saudade, canção, irmão... Deixaste o colorido Da festa do bumba-meu-boi, Deixaste a alegria De fazer feira aos domingos, De barganhar quase tudo, Só não mesmo a tua vida... Chegaste do outro lado, Concreto, cimento armado, Sem mesmo estar preparado Para viver, sem ter a vida. Aqui te acomodaste. Gente forte é mesmo assim: Rompe tudo, rompe pedra, Sem romper o coração... Bate a saudade da terra, Da viola abandonada. É tão duro suportar A dor a brotar no peito, Com som de frevo ou batuque... Com garra, firmeza e fé, Amoldaste a quase tudo... Na frieza do concreto, Na cidade, sem amigos... Porém o teu coração, Este está guardadinho, Juntinho das tradições, De tua terra distante, Das festas do teu padrinho! ( Do Livro Diagnóstico)
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 16/12/2010
Alterado em 23/05/2011 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |