Acalanto
Mãe abriga em teus braços Teu filho tão frágil. E, num forte abraço, de tantas Lembranças, ao menos um pouco O torne criança. Mãe, com tua voz doce, teu canto puro, Permite um pouco que ele adormeça E em sonhos vague... Conta para ele histórias bem longas, De reis e poetas, de sábios e loucos. De coisas impossíveis, longe do alcance, Da sua pureza; Empresta um pouquinho Do teu coração, bastante carinho. Mãe dá tuas mãos, afaga-o no peito, Enxuga em seu rosto o pranto contido. São tantas tristezas e tantas mentiras Que a vida, de graça, entrega às pessoas, Que somente tu, com tua doçura, Poderás entender... Mãe, ele sabe, no fundo do seu conhecer, Deste mundo imundo... Mãe, tu que conduzes o viver de teu filho, Com tanto carinho, Deparas um dia, que entre tantas pessoas Ele está sozinho... Mãe, teu nome bem alto ele quer gritar, Pois somente tu poderás ajudá-lo... Mãe, penetra no fundo do teu coração E, ao encostares teu rosto em seu corpo, Dize baixinho, Que o quer muito bem... Que pena que tudo dá ao contrário e Vira cenário, na vida perdida. Mãe faz um milagre, na doce lembrança, Devolve-lhe a infância E, ao menos um instante, O torne CRIANÇA! (Ana Stoppa) Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 29/03/2011
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