O Pássaro Encantado
Humilde chegou próximo do palco, pediu a antiga canção para o quinteto da praça. Foi ouvido. Naquele momento foi ouvido, saiu da massa ignorada. Alto magro habitante da casa do mundo -aquela sem teto que acolhe os filhos rejeitados pela sociedade. Ao som de Chico Mineiro, tirou dos ombros o único bem que possuía - a tosca mochila desbotada. Encostou-a cuidadosamente no banco da praça, ao lado da frondosa paineira. Do palco percebia-se a nítida transformação - do homem sofredor para o pássaro encantado. No ponteado da viola, na letra melodiosa reverenciava os céus, bendizia o momento, dançava, girava, flutuava. Por fragmentos de segundos, extasiado alçou o vôo tal qual um nobre falcão. Finda a melodia aproximou-se do palco, com um sorriso de poucos dentes agradeceu comovido. Em seguida virou-se deu um aceno apanhou a tosca mochila, o pássaro encantado perdeu-se na multidão. (Ana Stoppa) (Participo de um quinteto de músicas sertanejas e gaúchas, nos apresentamos cantando quinzenalmente em uma praça popular aos sábados. ( muito emocionante a cena - ví o pássaro voar, prometi a mim mesma que tentaria descrecer a magia do momento, fato passado na primeira quinzena de março passado.) Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 05/04/2011
Alterado em 05/04/2011 |