Escambos e Escombros
A menina era louca por artes. Desde pequenina atazanava a mãe. - Quero aprender dançar o frevo, quero aprender tocar piano, quero ser bailarina. Tudo ficou no quero ser... Um ramalhete de rosas na cor champanhe recebido no final da adolescência , acenou a possibilidade da moça finalmente se embrenhar nas artes. Intelectual avançado emocional, porém zerado. Nunca caminharam lado a lado. – Intelectual e emocional; a moça e quem lhe deu o ramalhete. Por trás das rosas a máscara da arte – tela inacabada quase três décadas passadas. Cerraram-se as cortinas, quebradas as máscaras, telas de vidro, flores de plástico. Adormecida a arte, amor uma farsa, viver um fardo. Ouviu-se apenas o som dos passos apressados e tilintar da caixa registradora. Escambo macabro. Emocional zerado material valorizado. Os espinhos - estes perfeitos quase três décadas passadas. Traspassaram a alma da moça que se viu trocada pelo vil metal - escambos, escombros. (Ana Stoppa) Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 07/04/2011
|