Ana Stoppa - Escritas, Versos & Reversos

Se não puder alcançar as estrelas agradeça a Deus por vê-las. (Ana Stoppa)

Textos


Este Poema abre a Ciranda Respeito Aos Povos Indígenas, prazo 30.06.2001,ainda com espaço para participação.
No entanto, dada a relevância do tema, e por hoje se comemorar o Dia do Índio - 19 de Abril, trago  à baila.
                     

        
Oração a Tupã

        Pai, já faz tempo que     

        Sofremos na calada,

        A terra nos pertencia,

        O céu era nosso teto,     

        A mata as nossas vestes,          

        E Índio era feliz...

        Água jorrava cristalina,

        Esperança uma menina,                    

        Vivia, vivia, e nunca envelhecia.

        Peixe era nosso pão, 
                        
        Caça também alimento.               

        Hoje Tupã há tormento.

        Pai, é tanto sofrimento

        Que Índio chora sem parar...          

        Índio não sabe progresso,     

        Índio sofre, quer regresso,          

        Saltar matas verdejantes,

        Nadar riachos distantes,

        Índio quer a paz perdida...

        E Tupã que está dormindo,

        Acorda, escuta este Índio,

        Que vê tribo dizimada,
               
        Liberdade acuada...

        E Tupã que está dormindo,

        Escuta choro de Índio,          

        Escuta Índio menino,
     
        Escuta Índio Pajé...          

        E Tupã em sua rede,

        Sonolento, espreguiçando,

        Fala língua lá da mata,               

        (do pouco que ainda resta):   
       
        Quem é este que aqui chega?

        -Não é Índio, não tem tribo,

        Diz Cauê, Índio menino.
      
        - Este é Chico Mendes,

        De Índio nem é parente,

        Mas foi o melhor dos viventes,          

        Que Índio já conheceu...

        Este amou o povo Índio,

        Clamou por Tupã na mata...

        Ficou tão desesperado,

        De ver Índio abandonado,          

        Que num gesto de repente,          

        Veio aqui pessoalmente,

        Juntar seu pranto ao da GENTE!           
                                        (Ana Stoppa)



 
                                   Pesquisa:
ttp://www.iande.art.br/textos/pensamentoindigena.htm

Dou dou um recado para vocês brancos, para que não poluam os rios. Porquê isso vai afetar o futuro não só dos índios mas dos filhos de vocês também."
(Aritana Yawalapiti ; líder do povo Yawalapiti, do Mato Grosso)
  • "Nós índios, olhamos para esse mundo do homem branco e verificamos que essa civilização não deu certo."
    (
    Marcos Terena ; do povo Terena, do Mato Grosso do Sul)
  • "Antes nós não sabíamos que tínhamos limites, só sabíamos que tudo era floresta... Agora demarcamos nossa área porquê é só o que sobra dos lugares antigos."
    (Kumai ; índio do povo Waiampi, do Amapá)
  • "Não digo: eu descobri essa terra porquê meus olhos caíram sobre ela, portanto a possuo. Ela existe desde sempre, antes de mim."
    (
    Davi Yanomami ; pajé e líder do povo Yanomami)
  • "Eu não fico deitado sem pensar."
    (
    Rupawê; velho sábio do povo Xavante, do Mato Grosso)
  • "No dia em que não houver lugar para o índio no mundo, não haverá lugar para ninguém."
    (Aílton Krenak ; do povo Krenak, de Minas Gerais)
  • "Você vai me dizer: o índio tá falando mas é selvagem; selvagem é vocês, milhares de anos estudando e nunca aprenderam a ser civilização. Pra que você está estudando ? Pra destruir a Natureza e no fim destruir a própria vida ?"
    (José Luiz Xavante)
  • "Eu lutei, mas a guerra não é necessária, não resolve nada. Guerra é coisa de gente cabeça dura que, mesmo com estudo, não pensa. O que resolve é o amor."
    (Aurélio Jorge Terena; índio do povo Terena, que lutou pelo Exército Brasileiro na Itália, durante a II Guerra Mundial)
  • "Nós os índios, sempre cantamos e dançamos nas nossas cantorias, como forma de manter a unidade do nosso povo e a alegria da comunidade. Se a gente cantar e dançar, nós nunca vamos acabar."
    (Verônica Tembé; líder da aldeia Tekohaw, do povo Tembé)
  • "Para nós indígenas, a palavra é de grande valor. É através das histórias contadas pelos mais velhos que mantemos viva a nossa identidade e firme a memória da nossa história, o uso e o cuidado com a nossa terra sagrada. Mas, descobrimos nesses 500 anos de colonização que para os não-índios a palavra não vale nada."
    (
    Carta do Ororubá; IV Assembléia Geral do povo Xukuru do Ororubá)
  • "Queremos que a floresta permaneça silenciosa, que o céu continue claro, que a escuridão da noite caia realmente e que se possam ver as estrelas. As terras dos brancos estão contaminadas, estão cobertas de uma fumaça-epidemia xawara que se estendeu muito alto no peito do céu. Essa fumaça se dirige para nós, mas ainda não chega lá, pois o espírito celeste Hutukarari a repele ainda, sem descanso. Acima de nossa floresta o céu ainda é claro, pois não faz muito tempo que os brancos se aproximaram de nós. Mas bem mais tarde, quando eu estiver morto, talvez essa fumaça aumente a ponto de estender a escuridão sobre a terra e de apagar o sol. Os brancos nunca pensam nessas coisas que os xamãs conhecem, é por isso que eles não têm medo. Seu pensamento está cheio de esquecimento. Eles continuam a fixá-lo sem descanso em suas mercadorias, como se fossem suas namoradas."
    (Davi Yanomami ; pajé e líder do povo Yanomami)
  • sobre o homem branco: "O mundo deles é quadrado, eles moram em casas que parecem caixas, trabalham dentro de outras caixas, e para irem de uma caixa à outra, entram em caixas que andam. Eles vêem tudo separado, porque são o Povo das Caixas...."
    (frase de um pajé do povo Kaingang, recolhida por Lúcia Fernanda Kaingang)
  • "Não compreendemos porque uma filha dos Kaingang precisa estudar leis escritas e aprender saberes que não são nossos. O que você precisa saber que nossos velhos não podem lhe ensinar ? O que se pode aprender de um Povo que não respeita seus anciãos e abandona suas crianças ? Para que irá um Kaingang estudar leis feitas por estranhos, leis que eles mesmos não cumprem ? Não! Nunca compreenderemos que a lei não seja conhecida por todos, porque nossas leis não são escritas, mas são cumpridas porque são sagradas."
    (frase de líderes do povo Kaingang registradas em 1995 por Lúcia Kaingang, advogada indígena, quando decidiu estudar Direito)
  • "Eu acho que o branco vai resolver problema do branco. Quem vai resolver meu problema é eu."
    (
    Raoni ; líder do povo Caiapó)
 
  • "...Esta terra, aqui, era nossa. E agora eles comeram. Agora está tudo feio. Eu estou triste de ver o que foi feito aqui, o que a mão do branco fez. O lugar onde eu nasci. Destruíram tudo. Isso aqui era parte da nossa terra. Aqui, era uma terra boa. Eu não gosto do trabalho dos garimpeiros. Vocês mataram a floresta. O rio acabou. Acabaram os peixes. (...) Por quê o chefe de vocês mandou destruírem essa terra ? O chefe de vocês tem que entender que vocês não podem ir pra nossa terra. Eu não gosto de destruição. Eu não gosto disso aqui não. Eu nasci aqui. Eu caçava aqui. Pescava aqui. Aqui, era minha terra. Não é a terra de vocês. (...) Olha essa terra aqui. Eles comeram o lugar onde eu nasci. Tudo acabou. (...) Eu vou explicar pro chefe dos brancos que vocês acabaram com tudo, com a floresta e com a água."
    (
    Aké Panará ; líder do povo Panará. Em 1974 esses índios foram transferidos de sua terra original por causa da construção da rodovia Cuiabá-Santarém. Dezoito anos depois, Aké retornou à sua terra, uma floresta que se transformara num garimpo abandonado, e não conteve seu desabafo.)
 
  • "... a preservação da cultura indígena, em vez de barrar o progresso, como dizem alguns caçadores de índio, estará salvando nosso país da destruição de muitos valores, provocada por essa selvagem civilização tecnocrata."
    (
    Margarida Tapeba ; professora indígena do povo Tapeba.)

"A gente tinha uma insatisfação que não passava. Fomos conversando sobre a força dos nossos usos e costumes. Deu muita vontade de aprender mais, para poder também ensinar um dia. A vida tem que ter um sentido, uma sequência. (...) Hoje eum sei quem sou. Estou em paz. Minha língua, minha cultura, são muito ricas e bonitas. Elas são nossa identidade. Sei da beleza e da força da natureza. Sinto a força do pensamento. Quando ele é firme não existe nada impossível, nem nada superior ou inferior."
(
Raimunda Yawanawá ; a primeira mulher do povo Yawanawá a tornar-se pajé, falando sobre os motivos de sua escolha e seu pensamento hoje em dia)

Obrigada Poetisa Angélica Gouvea pela magnífica interação: 

D e respeito merece esse povo
I nsreveu em nossa história
A costrução de nossa memória.
D esbravou com coragem
O Brasil deve a te esta paisagem.
I sto por que preserva
N a mata a natureza
D á valor a tudo que ela dá
I mbuídos em defendê-la
O brigada a este povo dono desta terra.
COM CARINHOANGELICA GOUVEA

 


Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 19/04/2011
Alterado em 29/04/2013


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