Amor Relâmpago
Percebe-se repentinamente tomado por uma paixão avassaladora.
Vislubra a emoção passear entre as nuvens de algodão, sente pulsar intensamente o coração.
Alegorias de afeto, ternura e carinho desfilam simultaneamente na alma adornada pelos primeiros botões de amor - primavera...
Sente o aroma, o toque, o perfume e a energia da vida acolhê-lo como nunca.
Prova a efêmera felicidade, encontra o amor que sempre sonhou.
Súbito o encantamento fugaz é interrompido pelo vigoroso badalar dos sinos da capela.
Da janela percebe as ruas abarrotadas de gente, tumulto, transito infernal.
Ouve novamente as badaladas plangentes - morte no povoado.
Deixa o mágico cenário do amor construído há poucas horas, os sonhos, a sensação de felicidade.
Na medida em que caminha em direção à capela experimenta o esvaziar do sentimentos e a mesmice da solidão gahar rapidamente o espeço há táo pouco tempo perdido.
Sementender vê as pessoas chorarem copiosamente umas encostadas nas outras tal qual farrapos tingidos de cinza impregnados de dor e saudade.
Sente o sal das lágrimas, o vazio na alma, a perda total da alegria.
Torna-se novamente um farrapo - cinza e sem vida como os demais.
Com o mínimo das forças que lhe resta indaga diante do esquife lacrado indaga uma jovem vestida de negro.
- Porque tanta tristeza?
- Moço - sussurra entre lágrimas com a voz embargada.
- Não sabes então quem morreu ?
Atônito e totalmente náufrago na imensa solidão ouve as palavras sussurradas pela jovem.
- Moço que pena..... era uma menina linda...
que se chamava Esperança.....
(Ana Stoppa)