Valas Da Demora
As primeiras estrelas vestiam o céu de ouro para tecer o manto da noite. Nas minúsculas frestas via-se o pálido clarão. Janelas emperradas, portas cerradas. No canto, a solidão mal acomodada na realidade. Um corpo solitário divorciado da emoção. Súbito ouviu bater à porta. Indiferente e robótico abriu para que a visita retardatária adentrasse no recinto. Pudera... Tanto janeiros prometidos e nada ... Desprezou-a. Recolheu-se ao leito abraçado à tristeza. A única vela apagara minutos antes. Ainda assim com um fio de voz tentou confirmar o nome. - Esperança, disse a dama de branco. A mesma que esperou por décadas. - No entanto, tarde demais para acordar a alma. O tempo havia sepultado todos os sonhos nas valas da demora. (Ana Stoppa) Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 07/12/2011
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