Porto da Paz
No imaginário das almas
Se a vida perde a calma
Com vontade de parar
Anseiam os corações
A serenidade encontrar
Desejando tão somente
Vivenciar o verbo amar
Cai a chuva na vidraça
Torrencial, abençoada
Emana a terra o perfume
Para acordar os sentidos
Dos amores não vividos
Cantam os pingos d'água
Caindo sobre as folhas
Desfolham almas exaustas
Esperando ser amadas
Por certo todos os anjos
Derramam a seiva da vida
Águas que lavam as almas
Perfumadas de paz e calma
Embalando a solidão
Esvoaçam as cortinas
De um branco amarelado
Violetas nas janelas
Sussurra o aroma da terra
O vento permeia o silêncio
No frescor da madrugada
Balançando os bambuzais
Sobre a relva agradecida
Recolhem-se a passarada
Abre a casa o joão de barro
Cantoria para para saudar
Estas águas abençoadas
Que molham o minuano
Que refresca os tropeiros
Amadurecem os arrozais
Onde campeia a fartura
Ternura quem não precisa
Amor, carinho, aconchego
Chuva que vem e que passa
Desperta a terra em graça
Na suavidade dos cantos
Soam as vozes do Sul
Aportam no doce oceano
Um grande rosário de planos
Planam brancas gaivotas
Prenúncio de paz e alegria
Navegam as almas nas águas
Batismo que as purifica
Sonhos no amor navegantes
Distante se mostra o porto
Serenam as ondas na praia
Brumas beijando a areia
Nas noites de lua cheia
Onde o amor pede abrigo
Mil abraços demorados
Sonhos antes inacabados
Redesenhados de luz
Buscam o porto seguro
Destemidos do futuro
Sonhos com cores vivas
Vida para viver em cores
Descartando os dissabores
Juntados como as contas
De um frágil colar de pérolas
Que adorna a Cinderela
Cordões dourados de afeto
Esperança que renasce
Vestida de azul turquesa
Onde não cabe a tristeza.
(Ana Stoppa)