Participação Na Ciranda
Jogando Fora As Tralhas
da Poetisa Celene Almeida.
Travesseiro de Macela
Revirei todas as gavetas,
Desfiz-me do imprestável.
Tirei a poeira e o mofo,
Dei boas vindas ao novo.
Abri todas as janelas,
Para entrar a esperança.
Gostei da casa arejada,
Senti-me como criança.
Tirei as roupas de cama,
Brancas, foscas, indiferentes.
Removi todas as cortinas,
Coloquei cores na vida.
Descartei o removedor,
O odor de limpeza austera.
Perfumei a minha casa,
Com aroma da primavera.
Nas gavetas renovadas,
Coloquei sachê de flores.
A vida aromatizada,
Pediu-me gosto e cores.
Dispensei as persianas,
Aprendi a ver o céu.
A conversar com estrelas,
A viajar em um carrossel.
No leito roupas vibrantes,
Lençóis bons de se tocar.
Travesseiros de macela,
Luz, aromas , cor e velas.
Entre as flores e as cores,
Acordei para a realidade.
Risquei do meu dicionário,
Desamor, tristeza, saudade!
(Ana Stoppa, reedição)