Petúnias Mortas Na massa que move poeira da estrada Chamas apagadas, resquícios do nada Mortes anunciadas, vidas nubladas Não queira ser só, desate os nós Solfeje os dós , domine as dores Cace o amor, sem eira nem beira Além dos limites, assim se permita Viver é fluir, é bem mais que existir Abrace, amasse, entregue, se apresse As frutas maduras bem pouco duram Mel a jorrar, vem o amor lambuzar Água de cheiro, perfumes de vida Olor de camélias, vermelho arlequim Cintila o orvalho no cristal das gotas Lençóis de cetim reluzem carmim Enfeitam donzelas nas belas janelas A esperar por elas, acendam a vela Caem todos muros diante dos urros Nas paredes tortas rangem as portas Que já não importa, se retas ou tortas Se tem um pavio ou se é curva de rio Se guardam o profano ou azul oceano De onde derivam , as vidas à deriva. Perdidas no fel, no tosco papel Dos tristes barcos, cinza opacos Sonhos acabados, já não importam . Lençóis revirados de pranto molhados De amores sepultados, já não importa Amores adormecem, cerram-se as portas Fenecem as almas de dor adornadas Cercadas do olor, das petúnias mortas Já não importa.... (Ana Stoppa) Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 31/12/2011
Alterado em 16/02/2013 |