Cama e Mesa Da cama pouco se lembra Posto que sempre servia Servil se via na mesa Envolta em tamanha tristeza Nos varais espalhava sonhos Tingidos de verde esperança Só provava-os nas lembranças Com gosto chamado saudade Mesa farta a empanturrar A fome de amor que sentia Quando noites lhe entregavam A cama de afeto vazia A fartura do alimento Nutria somente a matéria Sentia o sangue quente Correndo pelas artérias Guloseimas coloridas Fartavam a mesa robusta Na alma cinza dolorida Sentia o horror da clausura Libertava-se nos sonhos De se fartar de amor Na fartura da esperança De ver distante a dor Farta do fado tristonho Extrapolados os limites Da submissão, dedo em riste Partiu em busca dos sonhos Banhou-se na lua nua Postou-se na esquina das ruas Sem mesmo saber o nome Matou do amor a fome. (Ana Stoppa) Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 24/02/2012
Alterado em 24/02/2012 |