Foi-se Embora O Trenzinho - Homenagem ao 125. Aniversário de Heitor Villa-Lobos Foi-se embora o trenzinho Carregando a infância Distância que não se mede Das almas que vida pede Foi-se embora o trenzinho Perdeu-se nas curvas da serra Na paisagem devastada Sonhos findados em nada Na estação sem destino Chora a pobre menina Que viu partir o menino Sem saber qual o destino Foi-se embora o trenzinho Terra em guerra a esperar Na estação da esperança Que um dia ele possa voltar Foi-se embora o trenzinho Carregando os brinquedos Das pobres meninas de tranças Dos meninos sem infância Foi-se embora trenzinho Levou as cantigas de roda As travessuras da infância O brilho e a esperança Foi-se embora o trenzinho Para o país da infância Morada eterna dos sonhos Das lembranças de criança Foi-se embora o trenzinho Mais quando vem a saudade Desperta do passado a beleza Do som do apito, da natureza Corre a vida fogem os sonhos Distante do trenzinho caipira Em busca de um mundo novo Como a obra de Villa Lobos. (Ana Stoppa)
Nota:
Anos depois, a melodia recebeu letra composta por Ferreira Gullar em Poema Heitor Villa-Lobos, (Rio de Janeiro 05.03.1887 - 17.11.1959 Rio de Janeiro) filho de um modesto funcionário público, letrado e melômano, que tocava violoncelo, muito novo é iniciado no estudo do instrumento pelo pai, que, dada a pequena altura da criança, utiliza para o efeito uma violeta voltada para baixo. Falecido Raul Villa-Lobos prematuramente em 1899, a mãe do futuro autor de Amazonas pensou em fazê-lo seguir a carreira de médico, mas a paixão era por de mais forte e, munido do seu violão, dava-lhe largas, tocando em rodas e conjuntos instrumentais populares, os chamados choros e, começando em 1900 a compor para o instrumento uma série de pecinhas de gosto também popular. Em breve ganhava a sua vida como violoncelista, tocando em cinemas, teatros e cafés. Dos 18 aos 20 anos leva uma vida errante e aventurosa através do Brasil, visitando o Norte, o Centro e o sul do país, tocando, compondo familiarizando-se com a música popular e recolhendo nessas peregrinações impressões que vão às suas futuras obras. Os seus estudos haviam-se feito irregularmente. Aperfeiçoara a técnica do violoncelo com Breno Niedemberg, mas da curta passagem pela aula de harmonia de Frederico Nascimento, no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, pouco proveito tirara. Em 1913 abandonara a vida errante e fixa-se no Rio. Continua a compor abundantemente em todos os gêneros: música sacra, música teatral, música solística, musica sinfônica ao mesmo tempo que estuda com atenção as partituras dos mestres, o que foi bem dizer a sua única escola. Em 1915 realiza o primeiro concerto de obras suas. Iniciando de certo modo o modernismo musical brasileiro, a arte de Villa-Lobos provocou as mais violentas reações da parte do público e da critica, por muitos anos se prolongando a posição ao artista que assim ousava insurgir-se contra a tradição. Só por volta de 1918, na realidade, a orientação nacionalista e propriamente folclorizante de Villa-Lobos começa a precisar-se com a composição pianística intitulada Prole do Bebê , que foi também a sua primeira obra que, graças à arte de Arthur Rubinstein, levou o nome do compositor pare além das fronteiras do seu país. O nacionalismo folclorizante adquire feição sistemática em meia dúzia de obras que àquela se seguem e que são das mais significativas da produção do compositor. Em 1922 a famosa semana da Arte Moderna de São Paulo consagra o nome do compositor. Oficialmente já o talento de Villa-Lobos se achava reconhecido pelo governo e é o próprio parlamento que, em 1953, vota um subsídio para que o compositor possa efetivar uma viagem para à Europa. De regresso em 1925, realiza concertos em Buenos Aires, São Paulo e Rio de Janeiro, ao tempo em que prossegue a composição de uma série das suas mais características obras de inspiração folclórica, os Chôros. Em 1927 parte de novo para a Europa. Até 1930 vive em Paris, assinalando-se este período na realidade como de decisiva importância na carreira do compositor, graças aos contatos que estabelece na capital francesa à revelação nela da sua obra, o que lhe granjeia a reputação internacional do mais representativo e original músico da América Latina. De regresso ao Brasil, Villa-Lobos inicia um período de grande atividade, dirigindo concertos de obras contemporâneas, promovendo uma intensa campanha no sentido de implantar o cultivo da música coral nas escolas e realizando, dentro deste plano, gigantescas concentrações orfeônicas, que ele próprio dirige, não sem uma certa dose de espectaculosidade. A subida ao poder, em 1930, de Getúlio Vargas foi de molde a favorecer as ambições do músico, que apoiando o ditador, encontrou nele o mais estimulador apoio. É colocado à testa da Superintendência de Educação Musical e Artística, cria o Orfeão dos Professores, promove vasta obra de educação musical popular e, em 1943, vê coroados os seus sonhos e esforços com a criação, pelo governo federal, do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, que passa dirigir. Com tudo isto, a sua criatividade de compositor não diminui de intensidade, mas há reconhecer que as obras que a partir de então escreve perdem algo de originalidade e força nativa.
Tornado de certo modo músico oficial do Brasil, Villa-Lobos funda em 1945 a Academia Brasileira de Música, de que é nomeado presidente, e passa a fazer regularmente viagens ao estrangeiro, já para representar o seu país em congressos, já para dirigir concertos das suas próprias obras. Por outro lado surgem as distinções internacionais: em 1937 é feito membro honorário da Academia de Sta. Cecília de Roma; homenageado na Colômbia e na Argentina, recebe em 1943 o titulo de doutor em Musica honôris causa pela Universidade de Los Angeles. Em 1948 a sua ópera Malazarte é estreado nos Estados Unidos e em 1954 visita Israel, a convite do governo do país.
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 05/03/2012
Alterado em 05/03/2012 |