Assim Morrem As Borboletas Estremecem as catedrais nos entremeios do pranto Desencanto que balança as almas do povo sofrido A ausência de guarida despeja em muitas esquinas Vidas desatinadasm na contramão dos percursos. Recursos que se esgotam dos jarros da esperança Destempero acidulado nas estradas decantadas Encantos e desencantos, melancolia, dor e pranto Choram anjos da guarda perdidos nas cabeceiras. Descalços caminham meninos nas vielas espinhosas Choram mães desesperadas do amor desenganadas Pais perdidos no eu mesmo deixam os filhos a esmo Carinho nem por esmola, mentiras que vidas isolam. As meninas pintam a bocam se perfumam de alfazema Precoces na baixa estatura, expostas a todas as agruras Nas esquinas, becos e ruas entregam os corpos nuas Geram vidas desvalidas para frequentarem novas luas. Nem sempre as catedrais se prestam à prece ou fervor De favor vivem os mendigos diante das portas cerradas Ensandecida a verdade, cai nas valas do esquecimento Tristes lamentos ouvidos dos homens no amor perdidos. Escorados em muitos muros idosos se perdem do amor Descoram os sonhos pintados, no papel cor de alegria Rudes rabiscos adornam paisagens de afeto carentes Sobram telefones mudos nas sisudas mesas vazias. Nos jarros as flores mortas, explodem melancolia Os porta-retratos quietos, com sorrisos cor de cinza Riscam de giz lembranças na pureza das crianças Esperança adormecida em muitas esquinas do cais. Não existem vencedores na caminhada da estrada Indiferente belas atrizes ou sedutoras meretrizes Fato é que rasas covas, a todos acolhem no escuro Morrem as borboletas antes de se abrirem os casulos. (Ana Stoppa) Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 17/03/2012
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