O Tempo
O tempo nos arrasta em suas engrenagens, muitas
vezes por nada.
Somos frágeis e não raras vezes perdemos a noção desta preciosidade.
De outro modo, fato é que basta-nos um ensaio de felicidade para nos sentimos felizes.
Esquecemos as angústias, a solidão que campeia, a ausência
do abraço amigo, o emudecer das vozes queridas.
O silêncio impera...
Acostumamos-nos com isso sem que caiam as fichas,
deixamos nossas ricas sementes de amizade
desprotegidas sob o sol da indiferença – muitas delas se
degradam de forma irremediável.
Desprezamos a oportunidade de dizer um muito obrigado,
você me faz falta, estou com saudades...
Suprimimos o tempo da necessária convivência, da troca de
afeto, da pausa para um café, da alegria diante do simples,
tudo isso amparado na mesmice do pretexto de que o faremos no dia seguinte, quando prosseguimos no agitado cotidiano sem tempo para nada.
O despertar da consciência se faz urgente para que o hoje seja dedicado ao amor fraternal, ao agradecimento, à solidariedade,à convivência com as pessoas queridas,
porque amanhã pode ser tarde, isto porque no contador
veloz deste implacável relógio, muitas vezes os sonhos
e os planos do ontem carregados para um futuro incerto, quando nos dispomos a realizá-los já perderam por completo o sentido.
Ana Stoppa