Maria
Como era bondosa Maria
Vivia a vida para os outros
Estendendo as santas mãos
Amparando os desprezados
Dando pão aos esfomeados
Repartia as próprias vestes
Come fez Santo Martino
Espalhava a bondade
Nos ruas das desigualdades.
E de bondosa que era
Nem se olhava no espelho
Tempo para isso não tinha
Doava-se por inteiro
O abraço, a palavra amiga
As águas da esperança
Onde banhava os incrédulos
Cansados de tanto sofrer
Restaurando -lhes o viver.
Na casa feita de barro
Poucos móveis, alguns jarros
Via-se as redes estendidas
Penduradas nas madeiras
A esperar corpos cansados
Para o sagrado repouso
No velho fogão de lenha
Nunca faltava a comida
Aos que pediam guarida.
Maria contava o rosário
Para a mãe Nossa Senhora
Quando a noite despertava
Bordando o céu de estrelas
Antes do prato de sopa
Que oferecia aos filhos
Colocava os joelhos no chão
Rezava com fé e emoção
Pedindo a Deus proteção.
Como era bondosa Maria
No compartilhar da alegria
Tinha tantos abraços prontos
Sorrisos cor das manhãs
Palavras de amor revestidas
Que as espalhava na lida
Como preciosas sementes
Aos irmãos abandonados
A todos os segregados.
A casa distante de tudo
Rodeada de um arvoredo
Aos olhos desavisados
Parecia ser tão pobre
Mas o amor de Maria
Deixava o recanto nobre
Sempre concedia a guarida
Sem pensar nem ter medida
Para a irmandade sofrida.
Atpe que em certa noite
Cansada da dura lida
Maria dormiu mais cedo
Sonhou com o paraíso
Estava redeada de anjos
De onde podia se ouvir
Um coro de querubins
Regidos por Nossa Senhora
Entoando a Ave-Maria.
A visão do paraíso
O perfume de eternidade
Deram para aquele sonho
Sentido de realidade
Maria despertou contente
Falou ao filhos o ocorrido
Parecia vestida de asas
Então começou a lida
Do modo que sempre fazia
Distribuindo a alegria.
A noite chegou mais cedo
Maria estava cansada
Atendeu os protegidos
Rezou apressada a prece
Deu abrigo aos abandonados
Abençoou a família
Abraçou os oito filhos
Agradeceu a Jesus
Suportar a pesada cruz.
Ao raiar do novo dia
A prole toda desperta
Estranhou ao perceber
Que Maria adormecia
Tinha o semblante doce
Nas mãos o livro de reza
Do lado de fora da casa
A fila dos esfomeados
Os filhos à espera da mãe
Que não queria acordar...
Então Maria Teresa
De Maria a quarta filha
Com idade de onze anos
Aflita gritou pelos irmãos
Para a mãe acordar
As súplicas foram em vão
Maria estava fria
Tão fria quanto a indiferença
Maria já não vivia...
Como era bondosa Maria....
Ana Stoppa 02.01.15
21:48 hrs