Vazio
Vazio é a sensação que invade a alma quando o silêncio se revela como a única postura para se suportar o desamor. Vazio é planta que perdeu as flores, rios ressequidos sem vida, estradas plenas de espinhos, a solidão no caminho. Vazios são os sorrisos que com o tempo se desbotam, os abraços que partem, a canção sem sentido, a lua triste, minguante. Vazias são as ânforas da esperança, que o tempo sem piedade transforma em toscos cacos, é a chama que se apaga, é viver por quase nada. Vazia é a colmeia abandonada, borboletas sufocadas na morte que ronda os casulos, a frieza da ingratidão, o descarte de paixão. Vazia é a alegria contida nas muitas máscaras de plástico, no brilho da purpurina que adorna a bailarina, é a perda da inocência de muitas pobres meninas. Vazio é o amor inexistente, cansaço que maltrata, desânimo que desfigura a mais bela criatura, ramalhetes de flores mortas deixados em muitas portas. Vazios são os corações abandonados que vivem por serem teimosos, rios de lágrimas que transbordam, sem jamais encontrar o mar. Vazias são as horas compridas das silenciosas madrugadas, é de repente não se dar valor a nada, e o tempo simplesmente congela para reviver as distantes lembranças, resquícios de felicidade. Vazio é o porta-retratos dos sonhos que ganha asas de repente, parte sem se despedir, sem tempo para voltar. Vazio é a degradação das crenças, a indiferença aos aplausos, é ser singular nada mais, na pluralidade da vida, sementes de desalinhos nas linhas do existir.... Ana Stoppa Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 14/07/2016
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |